No dia 28 de março
(última quinta-feira) o governo paulista divulgou a bonificação dada aos
docentes através do Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São
Paulo (IDESP) que é um indicador de qualidade das séries iniciais (1ª a 4ª
séries) e finais (5ª a 8ª séries) do Ensino Fundamental e do Ensino Médio das
escolas públicas do estado de São Paulo, calculado a partir de dois eixos
complementares: o desempenho dos alunos nos exames do SARESP e o fluxo escolar.
Pois bem, por volta do
meio-dia desse mesmo dia, olhei meu extrato bancário para conferir minha
bonificação. Foram exatos R$ 74,19. Observando esse valor impresso no extrato
bancário, vieram a minha lembrança todas ás noites mal dormidas, todas às
noites em claro pensando e repensando minha prática pedagógica, todas as
leituras feitas para minha qualificação profissional, todas às horas escolares
doadas em favor da busca de uma aprendizagem significativa para os alunos,
todos os cursos e capacitações obrigatórias de que participei, enfim, toda à
luta por uma educação de qualidade para meus alunos.
Lembrei-me também de
meus companheiros docentes e gestores de jornada? O que dizer deles? Quantos
gestores e professores presenciei – principalmente os de Língua Portuguesa e
Matemática - concentrados e muitas vezes obcecados para que a escola tivesse um
aprendizado por excelência e assim como eu, obtiveram uma ridícula bonificação.
Continuando minha
divagação com o extrato em mãos, imaginei-me em uma sala, em uma ocasião
qualquer, dizendo com os punhos cerrados ao senhor Herman Jacobus Cornelis
Voorwald, ilustríssimo secretário da educação do estado de São Paulo e a todos
os gestores que estivessem presentes o seguinte: Unespiano como você, sua
meritocracia existente na educação é esdrúxula e criminosa. Criminosa porque
puni e maltrata moralmente, milhares de docentes pelo Estado afora, que
batalham por uma educação de qualidade muito além de suas capacidades tanto
físicas como emocionais. Senhores gestores educacionais estaduais presentes, professores
por excelência já são heróis nesse Estado que apresenta um sistema educacional
caduco, arcaico, cujas raízes remontam a segunda metade do século XVIII, nós
não precisamos de incentivos financeiros para melhor trabalharmos. Isso já está
em nossa veia, em nosso coração, pois somos professores - ou todos vocês
acreditam que escolhemos essa profissão para ficarmos milionários? (ou como
dizia Paulo Freire: ninguém escolhe ser professor, é a profissão que nos
escolhe). Na verdade, o que precisamos são de inúmeras condições adequadas que
a educação paulista não nos oferece.
Senhores gestores
educacionais estaduais presentes, como vocês têm a arrogância de avaliarem todo
o trabalho de um ano letivo escolar inteiro através de uma “prova” que nem
contempla todas as disciplinas ministradas em uma escola?
Por fim, ao final de
toda minha reflexão sobre esse encontro imaginário, um vazio tomou conta de mim.
Picotei o extrato bancário com o pífio valor contido nele, dei as costas e fui
embora do banco, sentindo-me e pensando como Jesus crucificado nessa semana de
Páscoa: “Pai- perdoa-lhes, porque
realmente eles não sabem o que fazem”...
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